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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Dia Nacional do Combate ao Fumo alerta para os perigos do hábito


No Huap-UFF, ações de conscientizaço sobre os males do cigarro são realizadas periodicamente

Oato de fumar tem relação com mais de 60 problemas de saúde, entre eles vários tipos de câncer, doenças do aparelho respiratório e cardiovasculares. Por ano, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), oito milhões de pessoas morrem por causa do tabaco. Por isso, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, reforça a importância do controle do hábito de fumar. Neste ano, o tema da campanha global é “Precisamos de comida, não de tabaco”. A Rede Ebserh possui serviços especializados no diagnóstico e tratamento gratuito do vício.

O tabagismo é uma doença, segundo afirma o Coordenador do Programa de Controle e Tratamento de Tabagismo do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), Leonardo Pessôa. Logo, deve ser diagnosticada, prevenida e tratada. O HUAP participa do Programa Nacional de Controle ao Tabagismo (PNCT) do Ministério da Saúde e oferece apoio completo para a interrupção do tabagismo e prevenção de recaídas.

“A médio prazo, o uso de cigarro causa, além de infarto do miocárdio, enfisema (DPOC) e câncer de pulmão, outras 60 doenças. Os principais dizem respeito à associação do tabagismo aos distúrbios psiquiátricos. São tantas doenças causadas, agravadas ou associadas ao uso do tabaco que não é possível escapar de todas a vida inteira”, disse.

Tipos

O especialista explica que o fumo causa três tipos de dependências: a química, a psíquica e a comportamental. “A nicotina causa a dependência química, que, em resumo, acontece quando ela, ao chegar ao cérebro, libera dopamina excessivamente, o que gera prazer e relaxamento intensos. Em pouco tempo, o cérebro se acostuma a somente liberar essa substância se o fornecimento de nicotina continuar, caso contrário, pode-se ter os sintomas desagradáveis de abstinência”. Na dependência psíquica, ainda segundo o médico, o fumante passa a atribuir ao cigarro a função de minimizar o estresse e acalmá-lo. Ele se torna dependente do tabaco para lidar com situações difíceis e preencher vazios. “A terceira dependência é a de comportamento, são associações que o fumante faz do cigarro com bebidas alcoólicas, cafezinhos e com refeições, por exemplo”, afirmou Leonardo Pessôa.

Os efeitos do tabaco no organismo são rápidos. Em poucas horas após começar a fumar, a pessoa já tem monóxido de carbono na corrente sanguínea. Com o tempo, aumentam as chances de desenvolver doenças como câncer, cegueira, enfisema pulmonar e acidente vascular cerebral (AVC), além do envelhecimento precoce, entre outros problemas.

No entanto, ao parar de fumar, os benefícios são quase que imediatos. Após 20 minutos, por exemplo, a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos voltam ao normal. Dois dias depois, não há mais nicotina no organismo e o paladar e o olfato começam a melhorar. A transpiração também deixa de cheirar a tabaco. “Depois de 5 anos sem fumar, o paciente passa a ter os mesmos riscos de uma pessoa que nunca fumou, independentemente da duração do tabagismo”, explicou o psiquiatra Frederico Garcia, coordenador do Ambulatório de Dependência Química do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh em Belo Horizonte (MG).

A instituição presta atendimentos relacionados ao tabagismo há 13 anos, sendo cerca de 250 pacientes atendidos por ano. Eles são, em sua maioria, mulheres e a média de idade é de 35 anos. “Depois que a pessoa é avaliada pelo psiquiatra, ela entra em um programa de tratamento que pode incluir medicação, substituição da nicotina e educação em grupo. Essa troca de experiências sobre o processo com outros pacientes na mesma situação e o acompanhamento clínico são essenciais”, contou o coordenador.

Entre as medicações utilizadas estão a Bupropiona e a terapia de reposição de nicotina na forma de pastilhas, gomas de mascar e adesivos, conforme explicou a coordenadora do Ambulatório para Tratamento do Tabagismo no HU-Univasf, a professora Lorena Augusta Sampaio. “A assistência em nosso ambulatório se dá com equipe médica e de Psicologia. Contamos ainda com a participação dos alunos dessas duas áreas, por se tratar de um projeto de extensão da Univasf. Então juntamos assistência aos fumantes e ensino”, enfatizou.

Terapia ajuda no controle da dependência

A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma técnica utilizada para ajudar no controle da dependência, por meio de mudanças de pensamento e comportamento, além de ser uma forma de o paciente lidar com as possíveis sequelas da abstinência. O Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), em Natal (RN), conta com um grupo de enfrentamento ao vício em tabagismo e uma equipe multiprofissional composta por pneumologista, psiquiatra, enfermeiro, estudantes e residentes, nutricionista e educador físico. Também oferece encaminhamentos para práticas integrativas e terapêuticas.

“A ideia é substituir os hábitos ruins por saudáveis que se encaixem no seu modo de vida. E para isso existe o grupo de enfrentamento ao tabagismo do Huol. Os encontros ajudam o paciente a desenvolver hábitos como atividades físicas e mentais, caminhadas, relaxamento ou meditação”, disse o enfermeiro do Huol Marcelo Cid Holanda.

Outra técnica que costuma ajudar bastante é a de reforço positivo, que é incentivar o paciente a encontrar uma forma de autorrecompensa por diminuir o número de cigarros ou mesmo por chegar à conquista de mais um dia sem fumar. Juntamente com o tratamento medicamentoso fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, essas estratégias podem gerar resultados de eficácia que giram em torno de 70%.

“Tudo depende de quanto tempo o indivíduo foi fumante. O hábito de fumar paralisa e destrói parte das mucosas que revestem o pulmão, aumentando a probabilidade de infecções como bronquite, bronquiolite e enfisema – além do câncer. Quando o indivíduo para de fumar, as mucosas melhoram de aspecto e podem ser totalmente revertidas no intervalo de dois a cinco anos após a cessação do tabagismo. Quanto mais cedo parar de fumar, melhor será a condição clínica e a qualidade de vida desse paciente”, enfatizou o profissional.

Sobre a Ebserh

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.



Redação: Luna Normand com revisão de Felipe de Oliveira Monteiro

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh